06 abril 2006

Game Over

À alguns dias atrás, li numa edição do Jornal de Notícias uma notícia que dava conta de um estudo que demonstrava que os jogos multimédia, das consolas e dos computadores pessoais, ajudavam a desenvolver as capacidades motoras das crianças, tais como a reacção e a agilidade (só se for dos dedos…), ou ainda o raciocínio lógico (tão importante para a Matemática Discreta).

Dias depois disto, estava eu no meu local de trabalho, quando da loja defronte de mim, sai um miúdo, que não devia ter mais de 10 anos, à frente da mãe e da irmã. Mal chegado à porta, o dito miúdo volta-se rapidamente, e fazendo o gesto de uma Magnum .44 dispara rapidamente sobre a mãe e a irmã, que como devem calcular, não tendo hipótese de ripostar, cairiam redondas tipo queijo suíço no chão, não fosse a arma do puto feita de carne, pele e ossos… Não contente com isso, o miúdo encostou-se a ombreira da loja, e depois de recarregar a sua shotgun invisível, que eu ainda não vira às costas, por ela ser invisível, mostrou-se à loja e despejou uns 4 ou 5 cartuchos, que felizmente, tal como a arma, eram invisíveis, ou então teríamos uma versão Escola de Columbia in Estação Viana Shopping... Mas como a mãe e a irmã já lá iam, o miúdo não teve escolha e lá foi ele embora, sem antes atirar umas 3 ou 4 granadas de ar para a loja…

Já procurei em todos as lojas e sites pelo jogo “Hugo e a estrada para a colina 30” (Hugo and the road to hill 30), mas ainda não consegui encontrar. Eu aceito que digam que jogar computador PODE desenvolver as capacidades criativas e de decisão de uma criança, mas como tudo na vida, tem o reverso da medalha, e também pode levar uma criança a não saber discernir a realidade da ficção. Se não houver um acompanhamento capaz por parte dos pais, um dia destes, algum miúdo encontra a pistola do pai, que acha parecida com um a colt, pega, e chegando perto dos amigos resolve brincar aos policias e ladrões, acabando a brincadeira quando aquelas balas não são de pixeis e um desgraçado leva um headshot…

Sei que é uma visão muito dramática, mas possível. As pessoas que escreveram este artigo, deviam igualmente, escrever um em que demonstrassem os perigos da exposição de jogos violentos a públicos mais jovens. Não ponho as culpas em ninguém, mas se nesta história toda tiver de haver um culpado, esse culpado é sem dúvida alguma, a pessoas que entrega em mãos à criança o jogo violento.

Conversa de circunstância


Quem é que nunca esteve numa sala de espera? E numa bicha? Bem, pelo menos no meu caso, eu nunca estive numa bicha…

Mas como é lógico, todos nós em algum momento das nossas vidas estivemos confinados a esses lugares.

E qual era o tema de conversa? Hã?

Exactamente!! Em todos esses lugares em que passamos parte das nossas vidas
à espera, o tema de conversa é o tempo!

Aqui à dias estava eu sentado na sala de espera do Centro de Saúde da minha cidade, quando entra uma fulana e se senta. Até aqui tudo normal, havia lugar, abancou o bujão. Em menos de nada, já estava a falar para a pessoa que estava ao lado, e que não a conhecia de lado nenhum, para dizer que aquele tempo não era para ficar, e que ainda estava para vir muita chuvinha… e tal… Em menos de nada, já não eram duas, mas sim quatro ou cinco pessoas que discutiam animadamente o boletim meteorológico para os próximos dias.


Não é que eu tenha alguma coisa contra as pessoas que metem conversa com os desconhecidos aonde quer que vão, pois cada um escolhe como quer passar o seu tempo de espera. Mas ao menos, as pessoas que têm este vício irritante (e que por vezes também dizem “trieze”, “selada” ou “mortandela”), podiam escolher outro tema qualquer, como por exemplo, a vida sexual dos golfinhos do pacífico (pela opinião do meu amigo veterinário, os que foram incluídos no filme “Titanic”), ou telenovelas, outro tema muito falado, mas menos, porque assim a discussão fica restrita ao universo feminino. Não… mas é, é isso que se passa. Aonde quer que uma pessoa vá, se lá estiver alguém propenso a meter conversa, sem dúvida nenhuma irá orientar a sua conversa à volta do tema “o tempo de hoje e de amanhã”.


Analisando um pouco isto, só posso concluir que as pessoas abordam a coisa deste modo pois não sabem que mais hão-de dizer para cativar a atenção do vizinho do lado. O mesmo se passa quando não sabemos que mais havemos de dizer, e só para quebrar o silêncio, afirmamos (como se fosse uma revelação transcendental): “Está a chover hoje…”.