23 agosto 2006

Ei-los que voltam

À alguns meses atrás (Abril, se não me engano), passou na televisão pública um programa que se chamava: “Ei-los que partem”. Ora o tal programa tinha como mote os portugueses que em décadas passadas haviam emigrado para o estrangeiro, devido às dificuldades económicas que se viviam no nosso país nessa altura. Confesso que não vi o dito programa, mas acredito que não fosse muito mau… pronto, ‘tá bem! Deve ter sido mais um programa de chacha da televisão pública!! Não me batam mais!
Mas o que me leva a escrever este post, prende-se com o facto de com a chegada do verão, os mesmos jornalistas que haviam realizado o programa anterior, não terem realizado um segundo, com o tema: “Ei-los que voltam”.
Esta é a triste realidade em que o nosso país se encontra nos meses de Julho e de Agosto: completamente invadido pelos emigrantes que voltam lá de onde estão na terrinha, e ao mesmo tempo infernizar o juízo a todos os outros que não os conhecem, e que tinham muito bem passado a vida sem cheirar o seu suor e sem ouvir os seus CDs pimba no máximo. Assim para terem uma ideia: o Branco, mas mais azeite ainda. Este espécimen de Português anda sempre a falar alto, e que ainda não assimilou bem o regresso, pois passa o tempo a falar em francês, intercalando Português. Por exemplo: o emigrante está na praia com a famelga, a miúda vai até à água, e diz ele: “Attencion Mariette!, e a Mariette ignora, pouco depois, de novo: Attencion Mariette!, e a Mariette já ia com água pelo joelho, e ele não faz mais nada senão gritar: CUIDADO QUE AÍ É FUNDO CARALH…. Mas a minha favorita é sem dúvida a mãe que vê o filho na água e lhe manda com esta: Rien Sebastien, rien! (para que não sabe, rien quer dizer “nada”, mas “nada” como pronome indefinido…). Fazem-se deslocar nos seus carros de matrícula francesa, ou andorrana, que de um modo geral são iguais aos nossos, tornando ainda mais caótico o trânsito da cidade, e não têm respeito por ninguém. Por vezes aparecem alguns Z8 ou Boxster mas eu acredito que ninguém no seu perfeito juízo fazia tantos quilómetros com o carro se ele fosse seu.
Têm por norma meterem-se no Shopping, tornando-o durante todos os dias da semana, o que ele já é ao domingo (ver post anterior: Domingos no Shopping). São malcriados e têm a mania que são superiores aos outros, têm sempre um penteado apaneleirado e insistem nos fatos de treino d’ “O Galo Desportivo” que rematam com boné e sapatilhas brancas também, sem esquecer o fiozinho de prata com o crucifixo.
Respeito-os pelas dificuldades que tiveram na vida e pelo que tenham tido que lutar, mas de resto para mim são a pior fatia de cidadãos Portugueses, que são aqueles que são, mas que têm vergonha de o ser. Grande parte do emigrantes têm vergonha de serem Portugueses, pois ignoram as suas raízes ao ponto de nem a sua língua materna usarem…

NOTA: Fui um pouco elitista neste texto, mas mais elitistas são os emigrantes por tratarem todos como se fossem “rien”. Tenho muita família emigrante, e tenho de tudo, desde aqueles que honram Portugal, àqueles que para eles isto é férias no terceiro mundo, e é precisamente isso que me revolta, que os emigrantes venham para cá com ar de grandes senhores, quando são tanto como eu ou o homem do talho… ou o homem das muletas…